OS ANTECEDENTES DA REFORMA PROTESTANTE

1. CONDIÇÕES EXISTENTES ANTES DA REFORMA

Antes da reforma, a igreja havia se tornado totalmente corrupta, vendia indulgências, cobrava altos impostos e disputava o poder com o estado romano. Luxo e riquezas se contradiziam com a fé cristã. A autoridade papal havia se auto-outorgada acima da autoridade da Bíblia. Motivos estes que fizeram com que João Wycliff, João Huss, Jerônimo Savanarola, Erasmo de Roterdã e Lutero, se levantassem para combater toda esta gama de incoerências.
Erasmo, defendia que a igreja precisava ser reformada porque havia abandonado os verdadeiros ideais cristãos. Afirmava que a vida era muito mais importante que a doutrina ortodoxa, e que os frades enquanto se ocupavam com distinções sutis levavam vidas escandalosas. Erasmo desejava a reforma dos costumes e a prática da descência e da moderação. A igreja se desviou dos ensinos do evangelho e estava dando lugar aos vícios pagãos.

2. OS VALDENSES

Os Valdenses eram seguidores de Pedro Valdo um ex-comerciante de Lyon que ouvira falar da lenda de São Aleixo, que tinha abandonado o seu povoado para se dedicar à vida ascética, tendo se dedicado de tal forma que ao retornar ao seu povoado não fora reconhecido, tendo passado o resto de seus dias à porta de sua própria casa pedindo esmolas.
Após sua morte foi reconhecido em face de documentos que carregava consigo. Deste modo Valdo se entregou à pobreza e a pregação da Palavra. Foi proibido de pregar pelo bispo de Lyon. Apelou para o papa em Roma tendo sido igualmente proibido. Regressou a Lyon e continuou a sua pregação. Por fim um concílio reunido em Verona o condenou. Continuou pregando e espalharam-se por diversas cidades. Mais tarde, quando as perseguições se tornaram mais fortes se refugiaram nos vales mais retirados dos Alpes. Muitos dos valdenses mais tarde aceitaram os mensageiros da reforma e se uniram a eles.

3. AS ORDENS MENDICANTES

As ordens mendicantes eram assim chamadas porque adotavam o princípio da pobreza que consistia em se sustentar somente através de esmolas.

4. OS MOVIMENTOS POPULARES DE POBREZA

Estes movimentos nasceram sob a influência de João Wycliff e João Huss. Os partidários deste movimento eram pessoas quase que totalmente sem instrução, que não sabiam escrever ou não sentiram o desejo de deixar registros para a posteridade.
Muitos destes movimentos tinha o caráter apocalíptico porque acreditavam que o fim estava próximo. Os inimigos destes movimentos acusava-os de entusiasmo religioso para soltar as rédeas da imoralidade e do roubo. Eram acusados também de odiarem os sacerdotes e toda a hierarquia da igreja, que profanavam o altar, e diziam ter recebido uma nova revelação de Deus, ou que o Espírito Santo tinha encarnado neles. Foram considerados como tentativas de reforma porque achavam que a igreja havia se tornado muito rica, deixando os pobres abandonados. A sua hierarquia havia se tornado cada vez mais ambiciosa e exploradora. Deste modo prosperaram as doutrinas que apelavam a pobreza absoluta e um dos textos em que se baseavam é o de Mateus 10:7-10 “... não vos provereis de ouro nem prata, nem de cobre em vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão, porque digno é o trabalhador de seu alimento”. Eles tentavam imitar o Senhor, que não tinha “onde reclinar a cabeça”. São Francisco foi o que mais encarnou esta idéia amando a “irmã água” e o “irmão lobo”.

5. JOÃO WYCLIFF

João Wycliff viveu na época do cativeiro babilônico do papado, e do início do Grande Cisma que começou em 1378. Ele se destacou na tentativa de corrigir as doutrinas da igreja medieval de modo que elas fossem ajustadas aos ensinos bíblicos. Estudou na Universidade de Oxford, tendo se tornado famoso por sua lógica e erudição. Destacou-se por sua mente privilegiada, levava seus argumentos até as últimas conseqüência. Saiu da universidade em 1371 para se colocar a disposição da coroa inglesa. Sua corrente doutrinária sobre o “senhorio” à medida que foi se desenvolvendo, atacava não somente o papa e os poderosos senhores da igreja, mas também o estado. Esta doutrina questionava se o senhorio era legítimo? Quais as suas origens? Como era reconhecido? etc. Motivo pelo qual muitos dos nobres que o apoiavam no início aos poucos foram se afastando dele. Suas doutrinas sobre a santa ceia entraram em choque com os ensinos oficiais da igreja. Seus ataques contra os frades igualmente levou-o a muitos inimigos. Com base nestas controvérsias o reitor da universidade convocou uma assembléia em 1380 para discutir os ensinos de Wycliff sobre a ceia, tendo sido condenado por pequena margem de votos. Durante vários meses esteve em sua própria casa, onde continuou escrevendo seus livros. Em 1381, ele se retirou para sua paróquia de Lutterworth que recebera da coroa por seus serviços prestados. Passou dificuldades financeiras, já que havia trocado o cargo eclesiástico que exercia por um outro menos lucrativo recebendo pequena quantia em compensação. Em Lutterworth ele continuava escrevendo seus livros. Em 1382 sofreu uma embolia. Em 1384, sofreu uma segundo embolia que o levou a morte. Como havia morrido em comunhão com a igreja foi enterrado em terra consagrada. Mais tarde o concílio de Constança o condenou e seus restos mortais foram exumados e queimados, e suas cinzas lançados no rio Swift. Os ensinos de João Wycliff foram relevantes porque demonstraram que havia incoerência tanto na hierarquia da igreja como do estado, principalmente na questão do senhorio e do pagamento dos impostos que eram exigidos também tanto pela autoridade papal como pelo estado.

6. JOÃO HUSS

João Huss nasceu na pequena aldeia de Hussinek por volta de 1370. Era filho de uma família de camponeses. Aos dezessete anos ingressou na universidade de Praga, tendo vivido a maior parte de sua vida na capital de seu país. Foi exilado e encarcerado por dois anos em Constança. Foi nomeado reitor da universidade e pregador da capela de Belém em 1402, tendo se dedicado a reforma que muitos checos desejavam. Sua capela se transformou num centro reformador, tal era a eloquência e o fervor com que Huss se pronunciava. Embora a hierarquia da igreja o encarasse temerosa, muitos dos nobres e grande parte do povo o seguia e ainda contava com o apoio de reis. Em 1411, foi excomungado pelo cardeal Colonna, porque Huss se negou a ir a Roma, para atender a convocação do papa Alexandre V para dar conta de suas ações. Huss no entanto, continuou pregando a reforma no púlpito de Belém, chegando a incentivar a desobediência ao papa, porque afirmava que a autoridade final é da Bíblia e que o papa que não estivesse conforme ela não merecia ser obedecido. Levantou-se contra a indulgência afirmando que somente Deus poderia concedê-la e que ninguém poderia vender o que vem unicamente de Deus. O Rei proibiu que fosse criticada a venda de indulgência. Roma interpretou a posição de Huss como uma heresia e em 1412 Huss foi novamente excomungado por não ter comparecido diante da corte papal, tendo se fixado um prazo para ele se apresentar. Caso não se apresentasse nenhuma cidade poderia recebê-lo porque seria interditada. A partir daí Huss se refugiou no sul da Boêmia, onde continuou a sua atividade literária. Mais tarde Huss teve a garantia do imperador Sigismundo, para comparecer a um grande concílio que aconteceria em Constança, onde deveria se defender. João Huss partiu para o concílio só que lá chegando teve que se avistar com o papa João XXIII que o acusou de herege, a partir daí, tornou-se prisioneiro. O imperador que lhe garantira salvo-conduto não estava em Constança quando João Huss lá chegara, tendo ficado muito irado porque havia prometido fazer com que o seu salvo-conduto fosse respeitado. Em seguida, o imperador ficou muito preocupado com os rumores de que Huss era um herege e temia ser acusado de protetor de hereges. Finalmente João comparece diante da assembléia todo acorrentado e é formalmente acusado de ser seguidor das doutrinas de Wycliff. João não conseguia expor seu ponto de vista diante da algazarra que se fazia na assembléia, tendo sido adiado a decisão para outro dia. Na assembléia seguinte Huss foi ouvido e demonstrou que era perfeitamente ortodoxo. Em momento algum se retratou de suas doutrinas ou de suas heresias como era acusado. Houve muita controvérsia sobre a questão e em nenhum momento Huss fraquejou com relação ao seu posicionamento. Finalmente, Huss disse: - “apelo para Jesus Cristo, o único juiz todo-poderoso e totalmente justo. Em suas mão eu deponho a minha causa, pois Ele há de julgar cada um não com base em testemunhos falsos e concílios errados, mas na verdade e na justiça”. Continuaram insistindo com ele para que se retratasse mas continuava firme. Levaram-no para a fogueira depois de escarnecerem dele. Antes de sua morte orou dizendo: “Senhor Jesus, por ti sofro com paciência esta morte cruel. Rogo-te que tenhas misericórdia dos meus inimigos” . Morreu cantando os salmos. João Huss foi muito importante porque ele contestou a autoridade papal, a venda de indulgências e pregava a reforma da igreja.

7. JERÔNIMO SAVANAROLA

Jerônimo Savanarola era um frade dominicano natural de Ferrara. Foi educado por seu avô paterno que era um médico muito conhecido tanto por seu conhecimento como por sua devoção moral. Savanarola nunca abandonou as orientações recebidas de seu avô e ainda jovem se uniu à ordem dos pregadores de São Domingos, onde se distinguiu por sua dedicação ao estudo e à santidade. Em Florença, Savanarola tornou-se um expositor das Escrituras para os frades do convento dominicano de São Marcos. Sua fama se espalhou, e muitas pessoas vinham ouvi-lo. Durante meio ano expôs o livro de Apocalipse e o que no início era apenas conferências passou a ser sermões, nos quais atacava a corrupção da igreja e profetizava que a igreja teria de passar por uma grande tribulação antes de ser restaurada. Atacava os poderosos, cujo luxo e avareza se constratava com a fé cristã.
Ao ser eleito prior de São Marcos, Savanarola mandou vender todos as propriedades do convento para dar o dinheiro aos pobres. Tendo servido de exemplo para outros conventos que o chamavam para proceder reformas semelhantes às que instaurou no convento Florentino.


8. A REFORMA CATÓLICA NA ESPANHA

Com a morte de Henrique IV, Isabel e Fernando herdaram a coroa de Castela. Nesta época a Igreja Católica na Espanha já se ressentia da necessidade de uma reforma. Antes da morte de Henrique havia muitas incertezas políticas do reinado.
O alto clero havia se dedicado às práticas belicosas, o que diferenciava muito do resto da Europa, porque seus bispos, com freqüência, se tornavam mais guerreiros do que pastores e se envolviam em cheio nas intrigas políticas, não para o bem de seus rebanhos, mas por seus próprios interesses políticos e econômicos.
O baixo clero, mesmo que distante do poder e dos luxos prelados, não estavam em melhores condições de servir ao povo. A maioria dos sacerdotes eram ignorantes e incapazes de responder às mais simples perguntas religiosas por parte dos seus paroquianos. Muitos não sabiam nem fazer a missa e as vezes não sabiam nem o que estavam dizendo. Outro problema que afetava o baixo clero, era que o alto clero recolhia a maior parte das entradas na igreja, os sacerdotes se viam envoltos em uma pobreza humilhante, e freqüentemente descuidavam dos seus trabalhos pastorais. Nos mosteiros e conventos a situação não era melhor. Em uns se praticava a vida monástica e em outros se praticava a vida mole. Haviam casas religiosas governadas, não segundo as regras, mas segundo os desejos de seus monges e madres da alta esfera. Em muitos casos se descuidavam da oração, que supostamente era a ocupação principal dos religiosos. A tudo isso se somava a questão do celibato, a questão dos filhos bastardos dos bispos do alto clero e as muitas concubinas entre os padres paroquianos, que apareciam publicamente com estas mulheres e seus filhos. Muitos sacerdotes tinham filhos de várias mulheres. A ética e a moral da igreja estavam abaladas.
Isabel era uma mulher devota e seguia rigorosamente as horas de oração. Para ela, os costumes licenciosos e belicosos do clero eram um escândalo. Juntamente ao seu marido Fernando empunharam a bandeira da reforma católica. Para Fernando a preocupação era o excessivo poder dos bispos, convertidos em grandes senhores feudais. Em conseqüência, quando os interesses políticos de Fernando coincidiam com os propósitos reformadores de Isabel a reforma marchava adiante. E quando não coincidiam, Isabel fazia valer sua vontade em Castela, e Fernando em Aragão. Com a finalidade de reformar o alto clero, os reis católicos obtiveram de Roma o direito de nomeação. A partir daí Isabel se convenceu da necessidade de reformar a igreja em seus domínios, e o único modo de faze-lo era tendo à sua disposição a nomeação daqueles que deveriam ocupar os altos cargos eclesiásticos. Logo, muito antes do protesto de Lutero, os desejos reformadores já haviam se instalado em boa parte da Espanha, graças a obra dos reis católicos Isabel e Fernando.
No curso da reforma Isabel se convenceu de que a igreja tinha necessidade de dirigentes melhor adestrados, pelo que se dedicou a fomentar os estudos. Ela era uma pessoa erudita, conhecedora do latim se juntando a outras mulheres de dotes semelhantes.
Com o início da imprensa em Barcelona, Saragoça e outras grandes cidades espanholas, houve uma grande contribuição para a reforma religiosa dentro do estilo humanista. Deste modo a Universidade de Alcalá e a Bíblia Poliglota Complutense se encaixaram perfeitamente. Aí está o grande efeito da reforma católica na Espanha. A Bíblia, que era composta de seis volumes, sendo quatro do Antigo Testamento, um do Novo Testamento e um que era uma gramática hebraica, aramaica e grega. Sua tradução durou dez anos e ocupou muitos eruditos. Três convertidos do judaísmo, que se encarregaram do texto hebreu. Um cretense e dois helenistas espanhóis que se encarregaram do grego. Já os melhores latinistas da Espanha se preocuparam em preparar o texto latino da Vulgata. Ao receber a impressão completa da Bíblia, Cisneros que era um frade franciscano escolhido por Isabel para ser o arcebispo de Toledo, assim se pronunciou: “...esta edição da Bíblia que, nestes tempos críticos, abre as sagradas fontes de nossa religião, das quais surgirá uma teologia muito mais pura que qualquer que tenha surgido de fontes menos diretas”. Esta afirmação clara da autoridade das Escrituras sobre a tradição, se tornou rapidamente em uma das teses principais dos reformadores protestantes.

9. O RENASCIMENTO

O Renascimento foi um movimento intelectual e artístico que surgiu na Itália nos séculos XIV e XV, onde teve a sua melhor expressão. O Renascimento não somente se inspirou nas fontes clássicas de literatura e arte, mas também nos séculos XII e XIII. Sua arte tinha profundas raízes no gótico; sua forma de ver o mundo tinha muito a ver com a cosmovisão de São Francisco e de Cícero; sua literatura se inspirou em parte aos cânticos medievais que os trovadores levavam de região para região. Muitos dos principais intelectuais da época viam no passado imediato, e às vezes no presente, uma época de decadência com respeito à Antigüidade clássica, e por esta causa se empenhavam em provocar um renascer desta Antigüidade, em voltar às usas fontes, e em imitar sua linguagem e estilo. É a isto que se chamou de “Renascimento”.

9.1 OS RESULTADOS

O poeta Petrarca que já havia escrito sonetos em italiano em sua juventude, passou a escrever em latim, imitando o estilo de Cícero. Surgiram-lhe então, muitos seguidores que começaram também a imitar as letras clássicas. Passaram a copiar manuscritos dos velhos autores latinos. Outros viajaram até Constantinopola, e de volta à Itália trouxeram manuscritos gregos. Em 1453, muitos exilados bizantinos chegaram à Itália com seus manuscritos e conhecimentos da antigüidade grega. Tudo isto contribuiu para o despertar literário que teve seu início na Itália e foi se estendendo por toda a Europa ocidental. O interesse pelo clássico incluiu também em pouco tempo, o pelas artes. Deste modo os pintores, escultores e arquitetos foram buscar sua inspiração na arte pagã da Antigüidade. Estes artistas não conseguiram se desvencilhar totalmente de sua herança direta, assim boa parte do Renascimento teve suas raízes no gótico. O ideal de muitos artistas italianos da época era redescobrir as belezas da Antigüidade e assimilá-los em suas obras.

9.2 A INVENÇÃO DA IMPRENSA

A invenção da imprensa com a arte tipográfica teve um impacto notável sobre as letras renascentistas. Os livros se tornaram mais acessíveis e era possível reproduzir-se em quantidades maiores os livros mais apreciados da antigüidade. A exposição literária dos autores estava preservada, porque podia-se ter centenas ou milhares de cópias idênticas. As edições produzidas pelos copistas não mereciam muita confiança porque aos serem checadas pelos autores verificava-se que haviam erros que variava de copista para copista. Os livros não eram tão baratos. Mesmo depois da invenção da imprensa eles eram tão caros que em muitas bibliotecas eram amarrados às estantes com correntes. Uma pessoa de classe média podia possuir apenas alguns poucos livros. Para os humanistas a imprensa foi um meio magnífico para comunicarem entre si, ou para reeditar as obras da antigüidade, mas não para difundir estas idéias entre o povo. Estas idéias eram posse exclusiva da aristocracia intelectual. A partir da Reforma protestante Savanarola utilizou-se da imprensa como meio de comunicação com as massas, para a divulgação das idéias teológicas e filosóficas.


10. A IMPORTÂNCIA DE ERASMO

Erasmo de Roterdã foi o maior e mais famoso humanista. Seu pai era um sacerdote e sua mãe era filha de um médico. Estudou um pouco da teologia escolástica e as letras clássicas. Depois de haver visitado a Inglaterra interessou-se pelas Escrituras na literatura cristã antiga. Estudou grego passando a dominar este idioma como poucos em sua época. Mais tarde tornou-se famoso e passou a ser o centro de um círculo internacional de humanistas que queriam reformar a igreja. Para Erasmo o cristianismo é antes de tudo um tipo de vida decente, equilibrado e moderado. Segundo ele, os mandamentos de Jesus, que são o centro da fé cristã, são muito semelhantes às máximas dos estóicos e dos platônicos. Sua meta é chegar a dominar as paixões, colocando-as sob o governo da razão. Isto dá lugar a uma disciplina que tem muito de ascetismo, mas que não deve ser confundida com o monarquismo. O monge se retira do mundo, mas o verdadeiro soldado de Cristo, tem por metas do seu treinamento a vida prática e cotidiana. Para Erasmo as doutrinas tinham importância secundária. Mas uma vida reta era muito mais importante que a doutrina ortodoxa, e os frades que se ocupavam com distinções sutis enquanto levavam vidas escandalosas eram objeto de freqüentes ataques do humanista. Erasmo contribuiu positivamente para a reforma da igreja, porque desejava mudanças nos costumes, nas práticas da decência e na moderação. Deste modo a sua visão era de uma reforma ao estilo humanista, e a volta às virtudes dos estóicos e platônicos de antigamente.

10.1 O SENTIMENTO DE NACIONALISMO

Os sentimentos nacionalistas deram origem a estados modernos como a França, a Inglaterra e os países escandinavos, que se uniram sob monarquias relativamente fortes. Na Espanha a unidade nacional só foi alcançada com o casamento de Isabel e Fernando. Portugal era governado pelo regime monárquico, tendo aumentado o poder da coroa com relação aos nobres. A Alemanha e a Itália chegaram à unidade nacional somente muito tempo depois. O espírito nacionalista crescia em toda a Europa. Nos séculos anteriores a maior parte do povo europeu se sentia cidadãos de condados ou burgos. Em 1499 a Suíça se tornou independente sob o domínio do imperador Maximiliano I. Na Alemanha, mesmo não havendo um movimento de insurreição semelhante ao que se verificou na Suíça, houve indícios de que as pessoas que habitavam nos diversos eleitorados, ducados, cidades livres etc. começaram a se sentir alemães.
O crescente sentimento nacionalista que se tornaram comuns nos séculos XIV e XV, militavam contra a relativa unidade conseguida em épocas anteriores. Quando o papado se inclinava a apoiar os interesses franceses, como aconteceu durante a sua residência em Avignion, os ingleses não vacilavam em se opor a ele. Se no entanto o papa se negasse a ser instrumento dócil nas mãos da coroa francesa, esta apoiava o outro papa, como aconteceu durante o Grande Cisma. Neste período estas situações passaram a serem constantes, o que deixava a autoridade papal cada vez mais abalada. Na verdade a decadência do papado começara desde o reinado de Bonifácio

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